Refletindo e iluminando palavras e sentimentos.

terça-feira, 1 de março de 2011

Pequeno conto de encontro

       O tempo estava morno, como a pele sem esperança de Lia, e ela buscava em cada contorno de nua nova existência uma certeza que lhe removesse a apatia, grandes eram os planos suspirados por seus pais, que ao pisar nos ladrilhos da facul, ela tinha a impressão de ouvir a voz de sua mãe entoada de zelos e a do seu pai firme e determinada, mas isso já faz algum tempo, ficou perdido na caixinha cor de rosa da sua memória, agora a realidade cheia de esporas é que lhe dá o tom; viver longe do ninho faz com que cada minuto seja uma banca de exame final e disso depende sua sobrevivência.
       Lia caminha de encontro a sua milésima entrevista de emprego, vestiu aquele terninho cor de âmbar companheiro de todos os percalços lacrimosos de suas tentativas gritantes, a bolsa que o curso lhe pagava ficava muito abaixo do custo que era se manter na cidade grande, como se até o ar poluído da metrópole lhe cobrasse para respirar, e ainda tinha as aulas do curso de teatro, sonho antigo totalmente alheio as vontades dos seus pais, um curso secreto dentro de sua outra vida que eram só sorrisos e nuvens azuis.
       Entre sirenes, buzinas e o murmurar da multidão, Lia vê ao longe como quase engolida por dois espigões luxuosos com seus vidros que parecem cristais, uma casinha de madeira simples como as choupanas de sua cidade natal, adornada por lindos canteiros de gerânios e um beija flor incansável e encantado, de flor em flor a beijar e se alimentar com o néctar do seu oasis, de repente ela sente uma força e um brilho de certeza na pureza da vida que se revela nas entrelinhas do seu quadro de visão perfeito, lhe dando o recado de que tudo na vida é uma questão de respeito e cuidado, e o tempo se constrói pouco a pouco, passo a passo e na frente a vida sempre espera com um terno abraço.
®IatamyraRocha

Rascunhos/ Palavras ao vento 



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